Os diversos meios de comunicação atuam na produção e na disseminação de cultura, moral e ideologia. Bastante expandido pela massificação do uso dos novos equipamentos, estas técnicas modificam o próprio ser humano. Faz-se, portanto, necessário, refletir sobre a presença dos meios de comunicação em nossas vidas, para que deles possamos nos apropriar de forma crítica e criativa. Para que possamos escolher quais mídias são mais apropriadas às nossas necessidades pessoais e coletivas, quais usos desejaram dar a cada uma, ou quais usos pretendemos evitar.
Hoje, escola, família, grupos sociais e meios de comunicação são compreendidos como importantes espaços educacionais e socializadores. Isso ressalta a importância de haver, dentro das escolas, da família e das demais instituições sociais, espaços de reflexão a respeito do papel político, cultural e econômico das mídias.
Uma série de pesquisas vem mostrando que os brasileiros – mas não somente – investem mais tempo vendo TV e navegando na Web do que lendo. Análises de tais pesquisas muitas vezes dão aos textos escritos maior valor cultural que aos textos orais ou visuais.
A cidadania do século XXI requer um grau de conhecimento que até agora poucos de nós têm. Requer do indivíduo que saiba ler os produtos de mídia e que seja capaz de questionar suas estratégias.
Ler os produtos da mídia implica tanto numa leitura dos textos escritos quanto dos textos sonoros ou visuais transmitidos pela mídia, bem como dos subtextos ideológicos e comerciais que também constituem cada produto midiático. Por isso há a necessidade de uma ampliação da noção de alfabetização para que sejam incluídos nela também outros suportes de transmissão de mensagens.
É neste sentido que tanto a alfabetização quanto o letramento midiático precisam ser promovidos junto a jovens adultos, para auxilia-los a ler e escrever, de forma autônoma, crítica e criativa, através das diversas possibilidades comunicativas existentes.
A vida cotidiana está hoje mergulhada nas modernas tecnologias de comunicação, e isso traz grandes desafios para o campo da Educação, tanto em termos de intervenção quanto de reflexão. Por isso, não há mídia que não possa ser usada na escola.
A interação entre as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e a educação deve se dar em duas dimensões indissociáveis: como ferramenta pedagógica e como objeto de estudo. Buckingham alerta para uma terceira dimensão fundamental do trabalho: o uso como veículo de expressão. “Ao enfatizar o desenvolvimento da criatividade dos jovens e sua participação na produção de mídia os mídia-educadores estão habilitando suas vozes ao se fazerem ouvidas”.
A proposta, criada pelo British Film Institute (BFI) para uma abordagem curricular das mídias nas escolas primárias inglesas, foi difundida por Bazalgette (1992), e está baseada em seis conceitos:
Agência: Pensar a respeito de quem age na construção dos textos midiáticos, pois geralmente não está claro quais forças agem sobre eles para que se constituam da forma como são.
Categorias: Fornece as compreensões iniciais a partir das quais as audiências se tornam aptas a reconhecer as características tais como as formas e as convenções de uma mídia em particular.
Tecnologia: A tomada de consciência do que pode ser feito com as tecnologias disponíveis.
Linguagens: Deve estimular as crianças a observar e pensar a respeito das características que estão presentes, ao invés de passar diretamente para a interpretação e a avaliação.
Audiências: Constroem sentidos a partir dos textos midiáticos, respondendo a fatores individuais e coletivos.
Representação: Os textos são construídos, e portanto jamais serão um espelho da realidade.
Bazalgette, no entanto, alerta que os aspectos-chave não devem ser tomados nem como leis nem como um currículo de mídia-educação, no qual agência será ensinada em um período, depois categorias e assim por diante.
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